Número de famílias endividadas aumenta em março
É o que revela pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). O consumo em alta provocou o crescimento do número de famílias endividadas em março.
Num universo de mil domicílios pesquisados no País, a parcela de famílias com orçamento comprometido com dívidas foi de 44,6% no mês passado, o maior percentual para março em três anos. As classes A e B responderam por mais da metade do total (56,4%).
O mercado de trabalho ainda aquecido, com expansão de vagas formais, é um dos motores do consumo ainda elevado, na análise do economista da Fecomércio-RJ e responsável pelo levantamento, Christian Travassos.
Atrás das faixas de renda mais elevadas, o endividamento da classe C seguiu logo atrás, respondendo por 44,8% dos entrevistados que se declararam endividados em março, afirmou Travassos. Com o fortalecimento do mercado formal, famílias de baixa renda, antes excluídas do sistema bancário, agora possuem documentação para créditos oficiais.
Isso explica também o avanço no uso do cartão de crédito, detectado na pesquisa. Entre as famílias que informaram ter feito algum tipo de parcelamento em seu orçamento em março, 35,5% citaram o cartão de crédito como modalidade preferida, o maior percentual em três anos, para essa modalidade.
A mudança no perfil de consumo da Classe C e seu crescente apetite por crédito teve seu impacto nos níveis de inadimplência. O percentual de endividados que declararam alguma parcela em atraso em março deste ano foi de 18,3%, superior ao de março do ano passado (16,6%). Ao se dividir os inadimplentes de março em classes sociais, 22,1% eram da Classe C; 14,2% das classes D e E; e 12,3% das classes A e B.
Para Travassos, o cartão de crédito é um instrumento relativamente novo nas mãos da nova Classe C, que ainda não sabe articular seu orçamento com a sistemática dos parcelamentos. Isso também é perceptível no levantamento. Quando perguntadas se sobraria algum recurso depois do pagamento de todas as despesas, a resposta foi negativa para 41,5% das mil famílias entrevistadas em março. "As famílias trabalharam com orçamento apertado em março deste ano", avaliou.
Fonte: Valor Econômico